PREOCUPAÇÕES NO ENSINO À DISTÂNCIA (E@D) VISTO PELA EDUCAÇÃO FÍSICA

PREOCUPAÇÕES NO ENSINO À DISTÂNCIA (E@D) VISTO PELA EDUCAÇÃO FÍSICA

Por: Pedro Santos, Luís Costa

 

Introdução

Nesta nova fase de aulas no ensino E@D, os alunos estão a passar muitas horas em casa sentados numa cadeira em frente de um monitor. Isso pode acarretar dificuldades posturais e na concentração (1), com consequências na aprendizagem.

Para a nossa saúde, de todos, é muito importante a realização de atividade física regular. Este é uma preocupação da disciplina de Educação Física (EF), embora não lhe seja um assunto exclusivo.

Todos os docentes ao organizar as suas atividades letivas E@D, devem ter como preocupação fundamental não sobrecarregar os seus alunos. Com E@D, as atividades (síncrona e assíncronas) não devem ir muito além dos tempos letivos de aula. O professor deve prestar atenção a esta inquietação quando coloca a informação disponível nas plataformas digitais.

Do nosso ponto de vista, as aulas de Educação Física (EF) não devem sobrecarregar além do tempo de aula, com tarefas extraordinárias; devem privilegiar a prática de atividade física, em detrimento das matérias teóricas; “Ser fisicamente ativo” deve ser o lema e o desafio que deve sair reforçado da intervenção didática na EF.

 

Desenvolvimento

Sabemos que o tempo excessivo em frente dos monitores não é benéfico. Com mais uma jornada de atividades no E@D, alunos e professores estão a passar muito tempo sentados em aulas de videochamada, e noutras tarefas de ensino-estudo.

Não será fácil promover a concentração contínua. As recomendações do ME para os tempos de aula seguramente seguem esta preocupação. Os participantes devem estar confortáveis e com uma postura adequada.

Maior conforto pode significar melhor atenção e aprendizagem.

No ensino E@D da EF julgamos que o desafio prioritário deve passar por levar os alunos realizar atividade física, fugindo à tentação duma abordagem exclusiva dos

conhecimentos. Sugerimos que o lema para organizar as aulas seja "ser fisicamente ativo", contribuindo mais do que tudo para a saúde do aluno.

Estes conteúdos de “atividade física e motora” entroncam diretamente e de forma coerente nas matérias programáticas da disciplina de EF. Não é necessário fazer jigajogas para se cumprir o programa. Diga-se que o ensino deve ser lido na perspetiva longitudinal, de “Ciclo”, e a reorganização dos conteúdos possibilita uma gestão flexível.

Este será, pois, o desafio pedagógico, ponto de partida e centro da intervenção do professor de EF, sobretudo nas turmas regulares do 2º ciclo, 3º ciclo e Secundário. Que conteúdos podem então ser privilegiados?

Proporcionar aulas que desenvolvam a consciência e domínio do corpo, a condição física e que estimulem nos alunos o gosto pela prática regular de atividade física.

As tarefas propostas servem para o desenvolvimento, de uma forma geral, da aptidão física geral, em particular resistência, força e flexibilidade, além do bem-estar físico e mental. A complementaridade de outros aspetos, como o apelo ao controlo postural e motor, à correção e à cadência, e ao conhecimento prático sobre a estruturação primária de programas de aptidão motora, podem também ser priorizados.

As aulas de EF não devem sobrecarregar os alunos além do tempo de aula. De facto, por vezes são indicadas tarefas extraordinárias. Exigem tempo de atenção e compromisso, tempo esse que os alunos têm de canalizar para as aulas efetivas. Os alunos já são demasiado sobrecarregados em cansaço, com o estudo em longas horas em frente do computador. Além do mais, tem uma carga letiva atribuída com várias disciplinas.

Tal não nega a necessidade de recomendar, junto dos alunos, a intenção de realizar outras atividades físicas além das realizadas nas aulas de EF:

Para a saúde é muito importante a realização de atividade física regular. Esta não é exclusiva da disciplina de EF.

 

As aulas de EF em situação E@D devem ser centradas nos conteúdos que possibilitem uma prática efetiva de atividade física. O tempo de aula deve ser preenchido com propostas sobre diferentes atividades. Estas podem serglobalmente organizadas em:

  1. Enquadramento da aula e preparação inicial: são realizadas tarefas como o registo de presenças, as conversas iniciais, e são fornecidas informações sobre organização da aula;
  2. Realização de atividade física: este pode ser organizado em secções, como (1) aquecimento e ativação, (2) atividade física principal e complementar (como uma tabata, um circuito de força, ou um desafio motor), (3) alongamentos e retorno à calma.
  3. Informações finais e realização da autoavaliação pelo aluno, com base em critérios definidos pelo professor.
  4. Higiene, troca de vestuário, alimentação.

 

Não nos podemos esquecer que “Exercitar permite evoluir”. O que parece difícil no início, torna-se fácil com algumas aulas ou semanas de exercício/treino.

Se os olhares (da videochamada) podem ser colocados individualmente no aluno, de forma muito peculiar é certo, este poderá responder com mais afinco, e ouvir com mais atenção. As regras implementadas vão facilitar na criação de dinâmicas da aula, e com isso o professor vai conseguir sentir rentabilidade, e uma capacidade distinta, mas também muito significativa, de poder “chegar” ao aluno.

Devemos aproveitar as aulas E@D para as “novas oportunidades”. Há de facto uma reorganização da relação pedagógica. O aluno poderá surgir com uma disponibilidade acrescida a este novo olhar do professor. Aproveitemos!

A EF deve garantir a sua exclusividade e unicidade na escola. Assim, tornar-se-á insubstituível. Já o era! Pois, mais nenhuma disciplina promove atividade física na Escola. Mas muitas promovem os saberes teóricos…

 

Conclusão

A EF pode fazer a diferença na qualidade de vida dos alunos. Haja coragem para desencadear uma prática desportiva, sobretudo uma prática desportiva (sem deixar de educar, claro está).

(1) Existem pequenas estratégias que ajudam na melhoria da postura e concentração.

 

PREOCUPAÇÕES NO ENSINO À DISTÂNCIA (E@D) VISTO PELA EDUCAÇÃO FÍSICA

Pedro Santos, Luís Costa