Forte Adesão no 1º dia de Greve ao 1º tempo convocada pelo SIPE
Centenas de escolas fecharam em todo o país
Adesão de 80% à greve ao primeiro tempo de cada docente pressiona Ministério da Educação
A adesão à greve ao primeiro tempo do horário de cada docente, que teve início hoje, ronda os 80%, de acordo com os dados recolhidos pelo SIPE – Sindicato Independente de Professores e Educadores. A ação, que coincide com o início do segundo período do ano letivo, provocou o encerramento de centenas de escolas por todo o país, deixando centenas de alunos sem aulas no primeiro tempo. «Esta adesão em massa à greve é um claro sinal do descontentamento da classe docente e uma condenação às propostas apresentadas pelo Ministério da Educação (ME) aos professores, designadamente no que respeita aos concursos, pelo que apelamos à tutela que recue rapidamente nestas propostas», afirma Júlia Azevedo, presidente do SIPE.
Os efeitos da greve de professores são visíveis um pouco por todo o país, com centenas de escolas fechadas e outras parcialmente paralisadas, sem aulas, devido à ausência de professores no primeiro tempo. «Esta é uma luta contra a contratação direta pelas escolas, a vinculação direta em quadros de agrupamento (QA) pelos agrupamentos, e a colocação na mobilidade interna através da análise do perfil de competências feito por um conselho de diretores, mas não só! Queremos também soluções concretas para os problemas que afetam os professores há vários anos», sublinha Júlia Azevedo.
Além do recuo às alterações propostas pelo ME nos concursos, os professores exigem ainda a abertura de processos negociais com o Governo para a eliminação do regime das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões com efeitos retroativos pela recuperação integral do tempo de serviço, a redução da componente letiva por idade igual em todos os níveis de ensino revertendo para a componente individual de trabalho, a alteração ao regime da mobilidade por doença, o fim da precariedade na contratação com vinculação automática ao fim de três anos de serviço, a reposição da perda salarial, as não ultrapassagens na carreira entre docentes menos graduados por docentes mais graduados, entre outras.
O SIPE acusa a tutela de nada fazer para resolver o envelhecimento da classe docente, a sobrecarga de horários e de trabalho, e o desgaste daí resultante, além da precariedade na carreira docente. «As políticas do Governo estão a esvaziar o setor da educação em Portugal. Temos um Ministério da Educação adepto do show-off, que é incapaz de assumir a gestão de assuntos fundamentais para o ensino no país e penaliza constantemente os professores, além de estar a penalizar os alunos e o futuro do país», critica Júlia Azevedo».
Segundo a presidente do SIPE, as alterações que a tutela quer impor «são inaceitáveis e vão prejudicar gravemente as vidas e carreiras dos professores, sendo transversais aos professores contratados, aos quadros de zona pedagógica ou aos quadros de agrupamento. É por isso mesmo que os professores estão determinados a agir em conjunto, não só para travar estas intenções do ME, como para exigir de volta tudo o que lhes foi retirado», assegura Júlia Azevedo.
O SIPE realizou recentemente junto dos docentes um inquérito sobre os concursos, intitulado "O que querem e não querem os professores", que foi dado a conhecer ao ME no âmbito das negociações. Entre outros pontos, concluiu que cerca de 90% dos professores rejeitam as propostas de reforçar o recrutamento direto pelas escolas e de os docentes poderem vincular nos quadros de um agrupamento com base num perfil definido pelos diretores. «Os professores lembram-se bem que no passado este modelo não funcionou», refere Júlia Azevedo, recordando a antiga Bolsa de Contratação de Escola (BCE), «na qual os perfis de competências eram desenhados à medida dos candidatos»
Porto, 3 de janeiro de 2023
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