PROVAS DE AFERIÇÃO, SIM, MAS COM RESSALVAS
SIPE concorda com o facto de que os processos de aferição se devam realizar antes da conclusão de cada ciclo, de modo a poder agir atempadamente sobre as dificuldades detetadas, com a ressalva de que essas dificuldades sejam efetivamente trabalhadas e melhoradas, para poderem assim propiciar bons resultados nos exames do 9º ano.
Alerta, no entanto que o Ministério deve proporcionar os meios necessários para que as escolas possam fazer a recuperação dos alunos sem sobrecarregar mais os professores. Avisamos que as condições de trabalho dos docentes têm, urgentemente, que ser revistas.
O facto dos resultados das provas de aferição serem devolvidos às escolas, para análise, e transmitidos aos encarregados de educação e aos alunos através de uma Ficha Individual do Aluno, que contém um descritivo detalhado do desempenho e as classificações por domínio ou tema, parece ao SIPE uma boa medida, por ser um bom suporte das estratégias diferenciadas que integrarão a prática letiva subsequente, em complemento de todos os dados gerados pela avaliação interna.
O facto de as provas de aferição serem realizadas no final do ano letivo e terem aplicação obrigatória e universal, parece igualmente uma boa medida, não se compreendendo de todo o porquê de a seguir só se realizar exame a Potuguês e a Matemática. A intenção é boa, mas falta alargá-la a todas as disciplinas já que isso provoca uma situação discricionária face às outras disciplinas.
Congratulamo-nos com a suspensão do teste de inglês PET (Preliminary English Test) assim como apoiamos a medida que prevê que as provas de aferição do 2.º e do 5.º anos sejam realizadas na última semana de aulas, e as do 8.º ano, após a última semana de aulas, em datas compatíveis com o restante calendário de avaliação externa. Não fazia sentido os alunos terem exames a meados de maio, como acontecia por exemplo no 2.º ciclo e, depois entrarem em férias. Além de que o tempo que sobrava entre afixação dos resultados e as novas provas de avaliação, no caso do quarto ano, era demasiado curto para permitir recuperar os alunos com insucesso. Recordamos que 3856 estudantes do 4. ano em 2015 não transitaram e, depois de três semanas de aulas recuperaram 652 alunos.
Relativamente às provas do 2.º ano de escolaridade, o SIPE considera esta uma medida pouco feliz, por se concentrar num ano prematuro de aprendizagem, pelo que a pressão que esta prova vem acarretar neste nível de ensino é desnecessária.
Alertamos que, para que todo este processo tenha sucesso é necessário um envolvimento dos docentes, escolas e famílias. Para isso é necessário desburocratizar as escolas cujos professores ocupam tempos infinitos em reuniões e no preenchimento de papeis. É necessário dar espaço aos docentes para a preparação de aulas, para a reflexão e para a formação. É necessário proporcionar aos alunos reforço das matérias, apoios em pequenos grupos das disciplinas com mais dificuldades.